A Umbanda é uma religião monoteísta e afro-brasileira, surgida em 1908 e anunciada por Zélio Fernandino de Moraes. Baseia-se em três 3 conceitos fundamentais: Luz, caridade e Amor. A umbanda e mestiça de índio, negro e europeu, prosopopeia consumada de nossa miscigenação constitutiva que os cientistas sociais consideraram como forma religiosa plenamente ajustada, posto que sincrética à realidade brasileira, mesmo a mais urbana e modernizada.
Sua anunciação se deu em 15 de novembro de 1908, na Cidade de São Gonçalo, Estado do Rio de Janeiro, no imóvel localizado na Rua Floriano Peixoto nº 30, em Neves, através da manifestação do espírito do Caboclo das Sete Encruzilhadas, mediunizado no Jovem Zélio Fernandino de Moraes.
Nas décadas de 1930 e 1940 as casas de Umbanda se disseminaram pelo tecido urbano mais moderno do país, o das cidades grandes da região mais desenvolvida, o Sudeste, onde registram-se centenas de casas anos 1950.
A perspectiva da construção de uma identidade nacional esteve sempre à mão entre os intelectuais, pelo menos desde a República, o que desde logo favoreceu toda uma boa vontade com a umbanda. Nos anos 1960 a religião foi reconhecida oficialmente no censo nacional. Festivais de umbanda começaram a ser incluídos nos calendários oficiais e nos anos 1970 era a fé de maior crescimento com uma população estimada em 20 milhões de fiéis.
O refluxo iniciou-se na década de 1980 e não parou mais, em sintonia com o crescimento das seitas neopentecostais. Essas se desenvolveram na esteira da crise metropolitana das últimas décadas, ocupando o espaço dos terreiros nas periferias.
Inicia-se o pensamento “demonizante” da Umbanda e das casas de Candomblé. As Igrejas neopentecostais, acusam os orixás, guias e caboclos de “demônios”. Oferecem para o enriquecimento financeiro a negação da Umbanda. “Com o aumento da pobreza, as pessoas ou se apegam a religiões neopentecostais com sua proposta de facilidade e crescimento econômico”.
Com o avanço dos neopentecostais sobre a política o que já era ruim, se torna ainda pior, começa a perseguição mais afinada e o ápice desse processo em São Gonçalo, se dá quando em 2011, A Prefeita Aparecida Panisset que governou a cidade de 2005 a 2012, evangélica declarada, foi solicitada a impedir a demolição da casa onde nasceu a Umbanda. O imóvel da Rua Floriano Peixoto nº 30, estava sendo vendido pela família de Zélio Fernandino de Moraes e só restava um ato executivo da Prefeita, para impedir a venda e desapropriar a casa. Em palavras da Própria Prefeita: “Não sabia da existência dessa casa nem o que ela representava para a história da Umbanda. A informação não chegou a tempo para que fosse estudada”. O projeto de venda e derrubada do patrimônio Histórico foi a frente e hoje no local, existe um Galpão de uma empresa de alumínio.
Inconformado com esse ato, que ainda hoje reverbera, no coração de muitos Brasileiros, o bacharel em Direito Fernando Torres ou Fernando D´Oxum como é conhecido pelo nome sacerdotal, Zelador Umbandista da Tenda Espírita São Lázaro do Pita em São Gonçalo/RJ, Conselheiro de Cultura da cidade São Gonçalo na Cadeira de Matrizes Africanas cria o Projeto MuseUmbanda. Uma instituição que trará a possibilidade de territorializar a Umbanda no município, salvaguardar sua memória, servir de anteparo aos inúmeros casos de intolerância religiosa no Estado do Rio de Janeiro e mais, desenvolver exposições temáticas e produzir conhecimento cultural nos campos da arte, música, literatura, dança, etc.
O MuseUmbanda muito mais que uma estrutura física, será um novo espaço para o resgate da Umbanda e das Matrizes Africanas dentro do Estado do Rio de Janeiro.