Origens das Umbandas

A Origem da Umbanda – reflexões sobre o processo histórico da religião e da espiritualidade de uma tradição brasileira

Religião é a Espiritualidade que ganha corpo, forma e estrutura no mundo material. Religião é a estrutura formatada de doutrina, liturgia, dogma e ritual. Espiritualidade é livre e pode  se manifestar contida ou acomodada em determinada estrutura de Religião. Espiritualidade está para o espírito assim como Religião está para o corpo.

 A Religião Umbanda é temporal e cultural, sua história é marcada por encontros e desencontros como o da Macumba carioca e o Espiritismo europeu, em terra ameríndia colonizada (invadida) por portugueses católicos.

A Espiritualidade Umbanda é atemporal, tão antiga e plural quanto a própria humanidade, é o Caboclo indígena que é a própria Terra; o Preto-velho ancestral negro africano; a pureza da Criança; a força da Natureza e seus inquices bantus expressa por meio de santos e orixás iorubás. É magia ameríndia, negra e europeia manifesta por Tupinambás, Pombagiras, Padilhas e Ciganas. É inclusiva onde se achegaram Pelintras, Baianos, Baianas, Boiadeiros, Boiadeiras, Marinheiros, Marinheiras, Malandras e Malandros.

A espiritualidade é livre e adaptável como a água. A religião é o recipiente onde ela se amolda.

A Espiritualidade Umbanda é aberta a muitos povos, culturas, entidades, deuses, anjos, santos e Orixás. A Religião Umbanda busca estabelecer doutrina, dogma e ritual rígido, normativo, a fim de dar uma forma “canônica” de apresentação desta Espiritualidade à sociedade no contexto formativo secular contemporâneo.

Este olhar para Religião Umbanda e Espiritualidade Umbanda é importantíssimo para entender a construção histórica de oficialização, legitimação e legalização da Religião Umbanda à partir de uma Espiritualidade Umbanda na sociedade brasileira, no período do Estado Novo (1937-1946), em plena era Vargas.

Num contexto pós-abolição, de ditadura populista, em busca da identidade nacionalista, definido por teorias racistas, machistas, patriarcais e coloniais, que negociavam valores com as populações das mais variadas e diferentes classes sociais. Periodo profundamente marcado pela marginalização dos negros, dos indígenas e exaltando o elemento branco, com o incentivo às imigrações eugenistas de italianos, espanhóis, portugueses e  objetivo de branquear o Brasil, sob o subterfúgio de suprir mão de obra para a indústria em expansão.

Neste contexto histórico tão complexo de realidade plural e multifacetada ganham destaque inicial dois grandes grupos de origem, da Religião Umbanda: um grupo que parte do espiritismo para Umbanda, representado por Zélio de Moraes, e outro que parte da Macumba para Umbanda, representado por Tata Tancredo da Silva Pinto.

Ambos buscando legitimidade, oficialização e legalização em um contexto de época que se identifica por racismo, colonialismo e pluralidade de espiritualidades brancas, negras e ameríndias. Tudo isso acontece em meio ao crescente movimento do nacionalismo e patriotismo emergente, que entram como pano de fundo, ou tela de proteção, as vezes inconsciente e outras consciente, para a também emergente Religião Umbanda.

113 anos da Umbanda na São Gonçalo de Zélio de Moraes

Em meio às tensões e negociações de símbolos e valores culturais e espirituais, do encontro das tradições e práticas religiosas negro-africanas, indígenas e europeias no Brasil do Estado Novo,   a cidade de São Gonçalo se torna um dos marcos importantes para a organização política e oficialização de uma Religião Brasileira.

Em São Gonçalo nasce a história de Zélio Fernandino de Moraes e do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Aos 17 anos, o jovem Zélio começou a apresentar problemas de saúde, se comportar de forma estranha e ter o que a família chamou de “ataques”. Sendo levado ao médico, que não identificou nada de ordem biológica, foi encaminhado a um padre que também nada identificou de demoníaco.

Segundo Zélia de Moraes lacerda, na presença de Zilméia Cunha, filhas de Zélio, em gravação de audio com Solano e Mãe Maria de Omolu, em 1992, no dia 14 de novembro de 1908, a mãe de Zélio decide levá-lo a uma senhora benzedeira, a negra Dona Eva, que durante a visita incorporou um Preto-velho de nome Tio Antônio. O espírito teria dito a Zélio sobre sua missão na Terra e prenunciado que ele seria um médium de incorporação, que trabalharia também com um Preto-velho. Ali na casa da benzedeira Zélio afirma, em outra voz, possivelmente em transe, que no dia seguinte estaria curado.[1]

No dia 15 de novembro de 1908, o jovem Zélio de Moraes, já com sua família entendendo que as questões poderiam ser de ordem espiritual e mediúnidade, foi levado à recém-fundada Federação Espírita de Niterói, onde se realizava uma sessão mediúnica.

Então ali, a espiritualidade de Zélio aflora e ele incorpora o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Naquele dia, na sessão do Espiritismo Europeu de Kardec, manifestaram-se repentinamente nos médiuns participantes, outros espíritos de Pretos-velhos e Caboclos, os quais não eram bem-vindos, sendo convidados a se retirar. Neste momento incorporado Zélio questiona: “por que expulsam estes humildes?”. O dirigente pergunta quem é ele e a pronta resposta é: “se é preciso que eu tenha um nome, me chame Caboclo das Sete Encruzilhadas, pois não haverá caminhos fechados para mim” e mais uma vez questiona: “não basta fazerem diferença neste mundo, querem levar esta diferença para o outro mundo?”, e assim anuncia a fundação de uma Tenda Espírita de nome Nossa Senhora da Piedade, explicando que “assim como Maria acolhe a todos, a TENSP, acolheria a todos, aprendendo com quem sabe mais e ensinando a quem sabe menos, sem virar as costas para ninguém”.

No dia seguinte, 16 de novembro de 1908, na residência da família, no bairro de Neves, em São Gonçalo, na Rua Floriano Peixoto, Nº 30, com a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, seguida pela incorporação Preto-velho Pai Antônio são iniciadas as atividades da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.

 Hoje, 113 anos após este fato, na quarta geração de dirigentes, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade continua suas atividades em Boca do Mato, Cachoeiras de Macacu, com Leonardo Cunha, bisneto de Zélio de Moraes à frente das sessões espirituais. Mal imaginava o jovem Zélio, que a história pessoal de sua espiritualidade, e o local onde se manifestou, se tornaria tão importante para a criação, legitimação, oficialização e legalização de uma Religião Brasileira, a qual naquele momento não tinha ainda nem forma ou nome.

Das Macumbas às Umbandas

Neste mesmo período se desenvolvia a Macumba Carioca no Rio de Janeiro e assim como as demais tradições afro-religiosas, sofria perseguições por parte da sociedade e do Estado. Macumba Carioca é um termo genérico para as espiritualidades e religiosidades afro-brasileiras de origem bantu, tronco linguístico e cultural que marca principalmente os povos do Congo, Angola e Cabinda, no Rio de Janeiro.

É importante ressaltar que embora o termo “macumba” tenha se tornado pejorativo, devido à intolerância às religiões afro-brasileiras, no início do século XIX era uma das formas de organização de tradições negras, que se diferenciava dos candomblés de origem yorubá-nagô, mas guardava especial influência das tradições bantu. Nos terreiros de Macumbas as práticas se baseavam numa variedade de elementos litúrgicos, com incorporações de caboclos, pretos-velhos, exus, falanges de espíritos chamados de encantados, ciganos, num sistema onde se inseriam atabaques,  abates de animais, despachos em espaços públicos, adorações aos orixás e antepassados. Uma heterogeneidade que fez com que fossem duramente perseguidas, consideradas antros de feiticeiros, feiticeiras, curandeiros, curandeiras e mistificadores.

As práticas de macumba foram localizadas, com predominância, na região Sudeste do Brasil, em especial no Rio de Janeiro e São Paulo, até o final da década de 40, quando sucumbem às opressões da política dominante, racista e às transformações capitalistas. Acredita-se que a Macumba, com suas práticas mágicas “sincréticas” acabou sendo absorvida pela legitimidade das Umbandas, das Quimbandas e dos Candomblés. 

Segundo Lopes e Simas[2], os povos Bantu acreditam na força vital mooyo, “todos os povos tem seu mooyo. Portanto incorporar símbolos, ritos, crenças e valores de outros povos pode significar aumento de nosso próprio mooyo.” É nesta perspectiva que os Bantus absorvem deuses de outras culturas como Orixás yorubá-nagô, santos católicos, assim como o culto aos caboclos, donos da terra para onde foram trazidos. O chamado fenômeno do sincretismo, como um amálgama cultural, é a marca da Macumba, uma grande encruzilhada em que saberes e culturas se encontram e se acomodam em um mesmo espaço, por meio de uma capacidade única, bantu, de inclusão e alteridades dos diferentes valores, olhares e entendimentos de mundo que por ali se estabelecem.

A Macumba acolheu catolicismo, espiritismo, caboclos ameríndios, magia europeia, com Bacuros, Pretos-velhos, Inquices, Crianças, Ciganos, Marias Padilhas e Bombogiras. Da mesma forma que se encantou com a chegada dos iorubás com seus orixás, no Rio de Janeiro, após a Revolta dos Malês na Bahia, em 1835.

Ao mesmo tempo em que a Macumba se estrutura e vai ganhando corpo no Rio de Janeiro, um outro grupo se organiza em torno das práticas da TENSP com Zélio de Moraes, que a partir de 1918, assume a missão de se expandir, criando Sete Tendas e auxiliando tantos outros a proliferar seu modelo de Espiritualidade, que ainda não possuía uma estrutura como Religião Umbanda. Importante salientar também, que nesta época ainda não se identificavam com o nome Umbanda. 

As casas, que surgiram a partir da TENSP se identificavam como “tendas espíritas” e a maioria delas com nomes de santos católicos. Este grupo que tem início simbólico e icônico em 1908 com Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas, consegue sua oficialização enquanto religião e legalização social, no final da década de 30 e início da década de 40, período em que os terreiros que se autodenominavam de Macumba começam a desaparecer.  

Em 1939, em plena era Vargas, é lançado o decreto de lei 1.202, no qual faz saber que “é vedado ao Estado e ao Município estabelecer, subvencionar ou embargar o exercício de cultos religiosos”. Com isso, este grupo em torno de Zélio, com muitos adeptos oriundos do Espiritismo seguem o modelo do espírita para iniciar a legitimação, legalização e oficialização de sua Espiritualidade Umbanda como uma Religião Umbanda, definindo o que ela é, por meio de estatutos, atas de fundação, registros em cartório, licenças de funcionamento e a criação da primeira Federação Espírita de Umbanda.

A primeira meta da federação foi organizar e realizar o Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda em 1941. Provavelmente se inspirando nos dois Congressos Afro-brasileiros que ocorreram em Recife, 1934 e em Salvador 1937, dando grande expansão e proteção aos cultos afro-brasileiros em geral e ao Candomblé, em específico, com as presenças de Gilberto Freire, no primeiro e Mãe Aninha, fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá, no segundo. Um dos objetivos do Primeiro Congresso de Umbanda era apresentar uma nova doutrina ritual que fosse aceita pela sociedade da época e concretizar a Espiritualidade Umbanda, enquanto Religião Umbanda.

Para isso foi necessário negociar com outras leis que surgiram como o artigo 284 do decreto de lei 2.848 de 1940, condenando o curandeirismo. Em 1941, o decreto 3.688 condenava quem viesse a perturbar o sossego e o trabalho alheio com gritaria, algazarra ou instrumentos sonoros. Para completar, um Templo, Tenda, Centro, Terreiro para funcionar era obrigado a pedir uma licença policial no Departamento de Tóxicos e Mistificações, segundo uma lei de 1934.

O Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, em 1941 negociou doutrinariamente com esta realidade, organizando a Religião Umbanda no contexto de Umbanda Branca. Assim como o grupo oriundo do espiritismo busca legitimidade indo ao encontro de um lugar chamado Umbanda Branca, não permitindo nenhuma identificação com a origem africana, também uma parte da Macumba busca a mesma legitimidade indo ao encontro de um mesmo lugar chamado Umbanda Omolocô, que tem como expoente maximo de liderança neste processo o senhor Tata Tancredo, fundador da Confederação Espírita de Umbanda em 1951.

O debate racial se faz presente no processo histórico da Umbanda, podemos verificar a importância que é dada na construção da Umbanda Branca, ao renegar africanismos nas suas práticas, tais quais o toque de atabaque, abate religioso ou iniciações de raiz ancestral, apoiada por um discurso de politica eugenista e higienista, do período, presente em quase todos os textos e publicações do periodo de 1920 à 1950. Por outro lado, a Umbanda Omolocô é a que reivindica a origem negra para a Umbanda e ajuda a manter essas memórias num fazer, que passa a ser assimilado e dá outra configuração aos cultos.

Com o tempo outros grupos de outras origens passaram a se identificar com Umbanda e assim vai surgindo uma pluralidade de Umbandas permeadas por uma mesma espiritualidade. Se organiza a Religião Umbanda com muitas vertentes e a Espiritualidade Umbanda de Caboclos, Pretos-velhos, Crianças, Exus e Pombagiras, em todas elas rezando para santos, anjos e orixás.

15 de novembro é o Dia Nacional da Umbanda

Hoje nós podemos pensar em uma Espiritualidade Umbanda que permeia todas as vertentes da Religião Umbanda, na forma como apresentamos a manifestação de nossa fé, por meio desta Espiritualidade tão natural que identificamos Umbanda.

Ao mesmo tempo reconhecemos uma oficialização da Umbanda que a fez reconhecer como religião perante a sociedade, a partir da legalização e documentação dos Templos, Tendas, Centros e Terreiros das várias vertentes, por meio de um movimento que elege a data de 15 de novembro de 1908, como anunciação de um grupo que futuramente iria realizar este projeto, na figura de Zélio Fernandino de Moraes. Assim como também se considera o projeto histórico ligado à vertente mais africana, Umbanda Negra ou Umbanda Omolocô, representada por Tata Tancredo, que também conquistou legalização e organização federativa.

Em 16 de Maio de 2012, a presidente da república Dilma Rousseff assinou a Lei 12.644, que institui o dia 15 de novembro como Dia Nacional da Umbanda. Com o decreto de uma data específica para celebrar Umbanda, o Estado reconhece a notoriedade da história de Zélio de Moraes e todos os fatos ocorridos em São Gonçalo, embora a Umbanda tenha muitos outros marcos e líderes conhecidos e outros tantos desconhecidos ou apagados.  Diante desta dívida histórica é urgente que se reconheça a importância do preenchimento de muitas lacunas narrativas, que podem recuperar as memórias subterrâneas da religião Umbanda.

A história de Zélio ganha a força de um mito fundante para esta religião, mas não é uma história única. Embora seus feitos façam parte da construção histórica da religião, ela se constituiu ao longo do tempo como um espaço da espiritualidade que manifesta Caboclos, Pretos-velhos, Crianças, Exus, Pombagiras, Ciganos e espíritos de muitas origens, que trazem como marca a simplicidade da vida, presente na vida dos simples, enquanto modelo de busca por sua própria verdade, em qualquer realidade em que estiver inserido, assim como hoje não se pode pensar em Umbanda sem a manifestação dos orixás, deuses de origem iorubá-nagô.

A grande diversidade da Umbanda nos ensina na prática como respeitar o diferente. Apenas esta lição já seria um propósito de vida para a Umbanda e para seus adeptos, que podem estar vinculados a um Templo ou organização. Assim como podem vivê-la naturalmente em suas casas, se já existir conhecimento e maturidade para realizar esta experiência em ambiente doméstico.

Em tempos em que acompanhamos o aumento dos casos de intolerância e destruição de templos de religiões de matrizes africanas é preciso quebrar paradigmas e desmistificar preconceitos através do conhecimento, disponibilizando os saberes e fazeres da Umbanda, que é um patrimônio cultural e religioso brasileiro. A musealização como forma de promover a preservação e salvaguarda dos objetos sagrados e elementos simbólicos dos terreiros, além dos registros das memórias que compõem muitas histórias, que não podem ser apagadas, tornassem fundamentais, pois nos ajudarão a compor a complexa, plural e brasileira Religião Umbanda.

Alexandre Cumino e Claudia Alexandre – Foto: Divulgação/Leonardo Vitulli

Texto:   Cláudia Alexandre, Sacerdotisa de Umbanda, Jornalista,  Mestre e Doutora em Ciência da Religião  e Alexandre Cumino – Sacerdote de Umbanda e Bacharel em Ciência da Religião. Por ocasião do lançamento do site do Museumbanda. Novembro/2021.

Referências Bibliográficas:

ALEXANDRE, Claudia Regina. Orixás no Terreiro Sagrado do Samba – Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai. São Paulo, Editora Aruanda; Griot Editora. p. 51, 2021.

Coletânia Umbanda – As Origens da Umbanda !” , São Caetano do Sul, Fundação Biblioteca Nacional, 2013, pp. 17-18. Fita 45, aos 7 minutos e 30 segundos. Gravação realizada por Mãe Maria de Omolu e Solano (Casa Branca de Oxalá), transcrita por Paulo Rogério Segatto (Saudoso Padrinho Juruá do Templo Estrela Azul).

CUMINO, Alexandre. História da Umbanda. São Paulo: Madras Editora, 2010.

LOPES, Nei e SIMAS, Luiz Antonio. Filosofias Africanas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira: 2020.

Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda. Rio de Janeiro: Federação Espírita de Umbanda, 1942.

SIMAS, Luiz Antonio. Umbandas: uma história do Brasil. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira: 2021.


[1] Fonte: Fita 45, aos 7 minutos e 30 segundos. Gravação realizada por Mãe Maria de Omolu e Solano (Casa Branca de Oxalá), transcrita por Paulo Rogério Segatto (Saudoso Padrinho Juruá do Templo Estrela Azul) e registrada no livro “Coletânia Umbanda – As Origens da Umbanda !” , São Caetano do Sul, Fundação Biblioteca Nacional, 2013, pp. 17-18

[2] Nei Lopes e Luiz Antonio Simas. Filosofias Africanas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira: 2020, pg. 85